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Como se pode vivenciar o Espaço Interior do corpo em Eutonia?

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consciência corporal, imagem corporal, interioridade, quietude, espaço interior
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Publicado no site em
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31/12/1969
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Ana Carolina B. Filizzola, Patrícia Decot Pernambuco

“O espaço sempre me fez silencioso”

Jules Vallès

 

No processo de aprendizagem e aquisição da consciência corporal os primeiros passos são percorridos pelo aprofundamento da experiência na Pele e nos Ossos. A pele nos trás a sensação de termos um contorno, uma borda continente e à medida que temos este limite corporal bem constituído, podemos habitar o interior do corpo e transitar entre o dentro e o fora de si mesmo com segurança. Os ossos são a nossa estrutura mais sólida, eles dão suporte para toda a musculatura, para os órgãos e vísceras, eles sustentam nosso peso e dão direção para os movimentos. Os ossos nos dão a sensação de segurança!

Para a construção da experiência de Espaço Interior em Eutonia, nos apoiamos nessa consciência pré-constituída da Pele e dos Ossos, o que não quer dizer que esse processo seja linear. Ele acontece de forma espiral, em um movimento que vai e volta da pele aos ossos e que também vai abrindo um caminho para que possamos mergulhar na interioridade.

Como se pode então, vivenciar o Espaço Interior do corpo em Eutonia?

Leia os próximos parágrafos vagarosamente e observe como as palavras vão reverberando em seu corpo, faça pausas.

Experimente fechar os seus olhos por alguns instantes, encontre uma posição confortável e observe a totalidade do seu corpo. Vá convidando a sua atenção a percorrer o caminho entre o espaço do topo da cabeça até a planta dos pés, incluindo a presença dos seus braços. Veja se é possível observar agora os seus ritmos e movimentos internos. Procure não interferir nestes ritmos, apenas observe!

Leve a sua atenção às suas narinas, observe a entrada e a saída do ar…veja a temperatura do ar que entra e do ar que sai…procure acompanhar este ar através da sua garganta…pouco a pouco vá aprofundando neste caminho…veja se é possível perceber quando ele passa pelo espaço do pescoço e alcança seus brônquios, até chegar aos seus pulmões. Observe se a entrada e saída do ar é acompanhada por um movimento na região torácica. Em que partes desta região é possível perceber movimento? No peito? Nas laterais? Nas costas? Na coluna? Observe se é possível perceber esta onda respiratória chegando até a região abdominal, ela chega até o baixo ventre? E na bacia? Tome um tempo para ficar aí!

Depois de permanecer algum tempo observando as reverberações da onda respiratória em você, mantendo a sua escuta neste fluxo, vá pouco a pouco expandindo a sua atenção ao seu corpo como um todo, observe se essa onda vai atravessando seus tecidos do espaço interior chegando até a pele. Mantendo a atenção nessa onda, observe agora o caminho da pele aos ossos e ao espaço interior, e do espaço interior de volta à pele. Lembra da espiral?

Tome seu tempo nessa experiência e quando você terminar observe o que está sentindo. Anote em um papel as suas sensações e impressões.

Por meio da vivência dos Espaços Interiores habitamos as diversas cavidades (craniana, torácica, abdominal e pélvica), os espaços articulares, damos espaço para a existência dos órgãos, das vísceras e dos espaços entre eles – o interstício, neles nossas circulações acontecem e seus fluxos tem passagem. Esse processo promove a regulação do tônus global do corpo.

Poder viver essa presença nos permite ter a sensação de plenitude interior, de estar em um corpo que não é oco, que não é vazio, que é preenchido.

Ancorada na fisicalidade a experiência de Espaço Interior em Eutonia propicia que a pessoa entre em contato com sua interioridade em toda sua riqueza e complexidade. De uma só vez habitamos nosso corpo, nossa morada mais íntima e nos abrimos para o espaço exterior, o mundo que nos rodeia; estar em si e estar com os outros estando em si.

Foto de Qianyu Li