Depoimento
Clara Bevilaqua, 23, professora de dança, bailarina, atriz.
“Tem uma fala de uma professora, grande amiga, orientadora, bailarina, Mariana
Lemos. Ela falou que quando saiu do curso de dança, ela sabia muito sobre dança e pouco sobre o corpo. E essa fala me toca muito.” Além de ser atriz, Clara estuda diversas modalidades de dança desde pequena - já fez balé clássico, jazz, contemporâneo e sapateado. Mesmo com anos de vivência na dança a sua busca ainda é pelo autoconhecimento do corpo. Nessa busca, ela teve a oportunidade de entrar em contato com a eutonia. Clara considera a prática da eutonia um grande desafio. “É o desafio de estar sempre buscando esse lugar de ir pro meu corpo, entender os meus processos enquanto filha, enquanto ser humano, enquanto bailarina, enquanto eu”, explica.
Para ela, ao entrar em contato com o corpo, é possível perceber melhor o outro,
bem como relações com os outros, que vão se aproximando, se conectando ou se afastando. “Esse olhar que a eutonia traz também que não é positivo ou negativo. Não é só aproximar; é afastar – por que não? É tudo né?! É só observar esses vários âmbitos da vida.”
A eutonia é, ainda, o ponto de partida para um trabalho de Clara chamado “Conversas de Corpo”, que partiu de práticas eutônicas que estudou em sessões individuais e que trata da questão da infância, das crianças que passam por sua vida enquanto professora e da criança que ela procura manter dentro de si.
Clara resume o significado da eutonia na possibilidade de ser múltipla: “Ser múltiplas Claras sem isso ser uma questão, pelo contrário, porque é a capacidade de ajustar o meu tônus. Então eu ajusto o meu tônus pra uma necessidade x, ajusto meu tônus pra uma necessidade y, e isso me possibilita ser mais, ser-estar mais presente, humana, aqui.”